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Acordamos às 6h40, no Fervedouro Por Enquanto, com um único objetivo: desbravar a Cachoeira da Arara, um dos tesouros mais selvagens do Jalapão, no Tocantins. Após um café da manhã reforçado às 7h30, com direito a tapioca fresca — paixão declarada do Nicolas —, nos despedimos rapidamente do Fervedouro, aquele oásis de águas translúcidas que já havia nos conquistado nos dias anteriores. Era hora de seguir em frente, mas não sem antes carregar o coração de saudade.
A viagem de 50 minutos pela estrada de terra vermelha, típica do cerrado tocantinense, foi um prelúdio para o que nos aguardava. Chegamos à Cachoeira da Arara ainda sob o véu da tranquilidade matinal: éramos os primeiros a pisar naquele cenário cinematográfico. A ausência de outros visitantes nos permitiu absorver, em silêncio reverente, a grandiosidade das duas quedas d’água que rugiam com força, despejando-se em um poço amplo e paradoxal. A água, de um dourado suave — tonalidade comum na região devido aos minerais e à vegetação do solo —, contrastava com a transparência cristalina, revelando cada pedra no fundo.
O local é tão belo quanto desafiador. As rochas escorregadias e pontiagudas exigem atenção redobrada (nossos pés e joelhos arranhados são testemunhas disso!). Recomendamos calçados aquáticos resistentes para explorar as áreas mais fundas, embora a maior parte do poço permita ficar de pé. A força da queda d’água, capaz de uma “massagem” que beirava a dor, foi uma experiência terapêutica e adrenalínica ao mesmo tempo.
Enquanto mergulhávamos, nosso guia contou a história que dá nome ao lugar: décadas atrás, araras-canindé enchiam o céu com suas cores vibrantes, mas migraram conforme a presença humana se intensificou. Hoje, embora as aves não mais aninhem ali, a cachoeira mantém sua aura de reino natural intocado.
Não demorou para que outros grupos chegassem, animando o local com risos e mergulhos. Aproveitamos para testemunhar a paisagem de cima: o drone subiu, mas quase nos pregares uma susto. Sem sinal de GPS e sob ventos fortes da cachoeira, ele decidiu dançar autonomamente pelo céu. Na descida, um gavião surgiu como um guardião dos ares, quase abocanhando nossa máquina. Conseguimos resgatá-la no ar, ainda sobre as águas douradas, em uma manobra digna de filme — um lembrete de que, no Jalapão, a natureza dita as regras.
Para o almoço, seguimos até o restaurante da propriedade, local também conhecido como ponto final do rafting no Rio Novo. A refeição caseira foi um capítulo à parte: o strogonoff de legumes, tão saboroso que só percebemos tarde demais que era vegano — confundimos a proteína de soja com carne! Uma surpresa que reforçou a riqueza da culinária local, adaptável e acolhedora.
Após comer, encaramos quase quatro horas de estrada até Taquaruçu. No caminho, a Serra da Catedral nos presenteou com suas formações rochosas imponentes, lembrando cúpulas góticas esculpidas pelo tempo. Ainda avistamos uma família de emas, elegantes e curiosas, cruzando a planície, e até uma cena inusitada: uma viatura policial capotada à margem da estrada (felizmente, sem vítimas).
Em Taquaruçu, nos hospedamos na Pousada Casa das Flores, um refúgio simples, mas cheio de charme. A pracinha próxima, ainda adormecida pelo ritmo pacato do vilarejo, nos convidou a desacelerar. O jantar, servido sob o céu estrelado do cerrado, foi a despedida perfeita para um dia que misturou aventura, contratempos tecnológicos (adeus, GoPro inundada pela areia dos fervedouros!) e a certeza de que o Jalapão nunca entrega seus segredos de mão beijada.
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