Primeiro e segundo dia pelo Jalapão (TO): Palmas + Pedra Furada + Lagoa do Japonês

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Acordamos antes do sol nascer, com o coração acelerado pela expectativa de finalmente conhecer o Jalapão. Nosso voo saía cedo, e as conexões em São Paulo e Brasília testaram nossa paciência, mas Nicolas, com seu entusiasmo contagiante, transformou cada espera em uma aventura. Entre tchaus para os aviões, brincadeiras no corredor do aeroporto e violãozinho despretensioso, as horas passaram mais leves. Em Brasília, almoçamos um rápido Subway, enquanto Nicolas explorava o chão do aeroporto como um pequeno explorador urbano.

O voo para Palmas foi uma pausa merecida: Nicolas dormiu profundamente, e nós aproveitamos para respirar fundo. Ao pousar, o calor tocantinense nos recebeu com um abraço úmido. O motorista do Uber, sorridente e cheio de histórias, nos levou ao hotel, mas não perdemos tempo: às 17h10, já estávamos a caminho da Praia da Graciosa, ansiosos pelo pôr do sol que há anos ecoava em nossas memórias.

A surpresa foi imediata. A praia, que antes era um refúgio tranquilo, agora pulsava vida. Quiosques coloridos, música suave e famílias aproveitando o final de tarde criavam uma atmosfera vibrante. A areia, mais extensa do que lembrávamos, servia de palco para crianças correndo, grupos de yoga e amigos reunidos. Nicolas, só de fralda, mergulhou no Rio Tocantins sem medo, riu das ondas e desafiou nossa antiga desconfiança com as piranhas — felizmente, nenhuma apareceu dessa vez.

Enquanto o sol mergulhava no horizonte, pintando o céu de tons de laranja e rosa, caminhamos pelo calçadão e jantamos em uma barraca local. As iscas de frango grelhado dividido com Nicolas e os pastéis crocantes conquistaram a todos, encerrados com um churros gourmet que derreteu na boca. De volta ao hotel, organizamos as mochilas com cuidado: o verdadeiro desafio começaria no dia seguinte, com as estradas de terra e as maravilhas escondidas do Jalapão.

Despertamos às 5h30, engolimos um café reforçado e encontramos o guia da agência, prontos para encarar 3h30 de estrada. O Cerrado, com sua vegetação única e tons dourados, desfilou pela janela. Passamos por cidades como Ponte Alta do Tocantins e Mateiros, porta de entrada para o parque, e avistamos placas de cachoeiras como a Velha e a Roncadeira — esta última, promessa para os últimos dias.

A primeira parada foi a Pedra Furada, ícone geológico do Jalapão. A estrutura, esculpida pelo vento e pela chuva ao longo de milênios, impressiona pela grandiosidade. Lembra um portal para outro mundo, com suas formas arredondadas e fendas que deixam a luz do sol criar jogos de sombra. A trilha, agora com escadas e banheiros, reflete o esforço local para preservar o patrimônio — infelizmente, necessário após casos de vandalismo. Subimos até o segundo furo, onde o silêncio era quebrado apenas pelo voo das maritacas. A vista do alto, com o Cerrado se estendendo até onde a vista alcança, nos fez sentir pequenos diante da natureza.

Após um almoço caseiro no restaurante da Dona Minervina (arroz, feijão, frango e farofa — simples, mas feito com alma), seguimos para a Lagoa do Japonês. O trajeto em estrada de terra, repleto de buracos, foi uma verdadeira massagem nos ossos, mas valeu cada solavanco. A lagoa, de águas azul-turquesa, é um oásis em meio às rochas de calcário. Equipados com sapatilhas para proteger os pés e macarrões de flutuação, mergulhamos na água cristalina.

Nadar até a gruta foi uma experiência mágica. Enquanto eu e Heitor desafiamos a correnteza, Samara e Sophia optaram pelo barquinho, garantindo que Nicolas visse de perto as formações rochosas. A chuva que chegou de repente não apagou o encanto: debaixo d’água, avistamos uma tartaruga, prova viva da biodiversidade do Cerrado.

Ao anoitecer, chegamos à Pousada do Coelho, em meio a um cenário sereno do bioma. O jantar no Sabor do Cerrado foi um festival de sabores: pequi, carne de sol, arroz com pequi e doces regionais nos lembraram que a culinária é parte essencial da cultura local. Nicolas, mesmo exausto, dançou ao som dos pássaros noturnos.

Confira o vídeo: