Terceiro dia pelo Jalapão (TO): Cânion Sussuapara + Praia do Caju (Rio Novo) + Dunas

Tempo de leitura: 5 minutos

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Acordamos às 6h com o sol suave do cerrado tocando as janelas da Pousada Coelho, em Ponte Alta do Tocantins. Enquanto nos preparávamos para o dia, o aroma de café fresco e frutas tropicais nos guiou até o café da manhã. Nicolas, nosso pequeno aventureiro, encheu o prato de manga, mamão e melancia, frutas que pareciam ainda mais doces sob o céu do Jalapão. Era apenas o início de um dia que prometia mergulhos na natureza, descobertas geológicas e muita conexão com esse santuário do Brasil.

Às 7h10, já estávamos a caminho do Cânion Sussuapara, nosso primeiro destino. A estrada nos levou pelo coração de Ponte Alta do Tocantins, cidade conhecida como o “Portal do Jalapão”, antes de mergulharmos em 16 km de estrada de terra, onde o cerrado se abria em tons de verde e ouro. Ao chegarmos, surpreendemo-nos com a nova estrutura do local: uma base de apoio com banheiros e uma escada de metal que desce até o cânion — algo que não existia em visitas anteriores, fruto das novas regras de preservação. Pagamos os R$ 30 de entrada (já inclusos em nosso pacote) e iniciamos a trilha plana de 150 metros, que até Nicolas percorreu com curiosidade.

Descer as escadas foi como entrar em outro mundo. O guia nos explicou que o nome Sussuapara vem do tupi-guarani e homenageia os veados-campeiros que habitam a região. Ali, paredões de arenito de até 10 metros nos envolveram, com raízes expostas e água gotejando dos lençóis freáticos, criando pequenas veredas no chão. Caminhamos contra a correnteza do rio, entre rochas esculpidas pelo tempo, até uma gruta com um poço natural e uma queda d’água delicada. Nicolas, de pés descalços, riu ao sentir a água fria nas pernas e se encantou com as “pedrinhas brilhantes” no leito do rio. Quase ao final, uma formação rochosa nos surpreendeu: os paredões se encontravam de modo a desenhar o mapa do Tocantins — um detalhe que só percebemos graças ao olhar atento do guia.

A despedida do cânion foi emocionante. Nicolas descobriu uma piscina natural perfeita para seu tamanho e protestou com lágrimas quando o carregamos para voltar. Na base, aproveitamos os banheiros impecáveis para trocá-lo e seguimos rumo ao almoço, após um longo trajeto de 4 horas. Pelo caminho, o cerrado se transformava em paisagens dramáticas: serras avermelhadas, buritis solitários e capivaras cruzando riachos.

Almoçamos no Restaurante do Quilombo Rio Novo, um lugar que respira história. O quilombo, fundado por descendentes de comunidades tradicionais, preserva não só a culinária local — com pratos como galinhada caipira e peixe do rio —, mas também narrativas de resistência. Enquanto Nicolas observava beija-flores e macaquinhos nas árvores, as nuvens se fecharam, e uma chuva intensa nos levou de volta ao carro. Decidimos então fugir do roteiro comum e explorar a Praia do Caju, outra pérola do Rio Novo.

A chuva transformou o rio em um espetáculo de força e beleza. A correnteza estava forte, mas a areia clara e os cajueiros frondosos compensaram o temporal. Enquanto esperávamos no redário, Nicolas apontava para os peixinhos que mordiscavam nossos pés na água — uma sensação peculiar que ele achou engraçadíssima. Com o drone, registramos a imensidão do rio, com suas praias efêmeras e a vegetação luxuriante, típica da transição entre cerrado e Amazônia.

Às 15h30, partimos para as Dunas do Jalapão, o ápice do dia. No caminho, paramos no km 5 para um clique com a Serra do Espírito Santo ao fundo — uma formação de 22 km que abriga cânions secretos e trilhas para o nascer do sol. Ao chegar, descalçamos os pés para a trilha de 350 metros. Cruzamos um riacho de águas cristalinas que refletia o céu nublado, um cenário que parecia saído de um sonho.

Subir as dunas foi como pisar em outro planeta. A areia fina e dourada, resultado da erosão do arenito da serra, formava ondas congeladas no tempo. Nicolas, em sua primeira experiência com dunas, riu ao escorregar e insistiu em “escalar” uma delas de quatro. Apesar das nuvens esconderem o pôr do sol, a magia do lugar prevaleceu: caminhamos por quilômetros de areia, enquanto o vento desenhava padrões efêmeros sob nossos pés.

Às 18h, seguimos para Mateiros, onde jantamos no aconchegante Restaurante Rosa do Jalapão, saboreando pratos regionais como carne de sol com macaxeira. Na pousada, enquanto arrumávamos as malas, refletimos sobre a dualidade do Jalapão: um lugar árido e úmido, selvagem e acolhedor. E, claro, já sonhávamos com os fervedouros que nos aguardavam no dia seguinte — mas isso é história para o próximo capítulo.

Dica extra: As Dunas do Jalapão são únicas no Brasil por não serem litorâneas. Sua areia, carregada pelo vento e pela chuva da Serra do Espírito Santo, cria um ecossistema frágil e fascinante. Preservá-lo depende de todos nós: nada de levar “lembrancinhas” de pedras ou plantas. A melhor recordação é a memória de sentir a imensidão sob os pés!

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